31 de outubro de 2011

Carlos Drumond de Andrade ( Mineiro 31/10/1902)

Homenagem ao aniversário do grande poeta Carlos Drumond de Andrade (31/10/1902)

Amar
Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

21 de outubro de 2011

Algumas dicas pro ENEM de amanhã:

Alunos, colegas de profissão e visitantes do blog, mais uma vez estamos  às vésperas do ENEM. Gostaria de deixar algumas dicas  com o objetivo de auxiliá-los na elaboração de suas redações:


  •  Leia atentamente os textos de apoio e o tema solicitado. Reflita e incie o esquema do rascunho após ter certeza do entediamento do mesmo;
  • Atente para as instruções, pois nesse item consta informações importantes para qeu vc não cometa erros  bobos;
  • Lembre-se de fazer um esboço de todas as informações a respeito do tema pra sustentar de forma  sólida a sua argumentação;
  • seus argumentos devem sempre ser justificados, afirmar sem embasamento teórico para autenticar suas afirmativas não transmite credibilidade;
  • Procure elaborar pelo menos 5 aparágrafos (01 pra tese, 03 para os argumentos e 01 para a conclusão);
  • Na conclusão seja breve e aponte solução para a problemática levantada no decorrer da feitura do seu texto ( o que fazer e como fazer) isso é de suma importância;
  • Só passe a limpo quando tiver certeza que seu texto esta pronto e devidamente corrigido;
  • Um a boa dica, faça a redação no início da prova pra garantir o descanso mental e passe a limpo no final, antes de entregar o gabarito e a folha definitiva da redação.

Uma exemplo perfeito de uma boa crônica.

Notícia de Jornal
Fernando Sabino

     Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. 
     Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. 
     Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. 
     O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. 
     Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa - não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão. 
     Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da rádiopatrulha, por que haveria de ser daminha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.
      E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. 
     E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome.

1 de outubro de 2011

Racismo e precoceito ou ignorância dos profissionais da propaganda brasileira?

        Todos nós sabemos que Machado de Assis era negro e agora vem uma propaganda da Caixa Econômica federal retratar nosso maior símbolo literário como um branquelo? Que vergonha! fica aqui minha indignação
.